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A biblioteca ao Entardecer: encontros na biblioteca da Sociedade Polônia.

Sociedade Polônia
25 de mar.
5 min de leitura

A Sociedade Polônia, objetivando dar maior visibilidade à sua Biblioteca Pani Janina Figurski, em conjunto com o Grupo Sépia UFRGS, que desenvolve ações de cooperação científica e cultural com a Sociedade desde 2018, idealizou o projeto A biblioteca ao Entardecer: encontros na biblioteca da Sociedade Polônia. A organização do evento ficou a cargo das professoras Drª. Maria Stephanou, Prof.ª Irene Haber Zembrzuski, Drª. Aidê Campello Dill, juntamente com a bibliotecária da Sociedade Polônia. O objetivo principal da iniciativa consiste em despertar cada vez mais o interesse do público geral e dos associados sobre a cultura, a história e a literatura polonesa através do conhecimento e valorização do acervo da biblioteca.

As organizadoras revelaram seu sentimento de satisfação em participar na elaboração do projeto, pois a biblioteca da Sociedade Polônia, a partir de seu precioso acervo, pode ser considerada um arcabouço de conhecimentos ainda não devidamente explorado.

A professora Maria Stephanou explicou que a primeira edição do evento, a realizar-se no decorrer do primeiro semestre de 2025, é dedicado ao tema Acervos de obras & História das mulheres. Assim, se trata de mulheres na história e na biblioteca, nada mais justo, que a dedicar o primeiro encontro à precursora da biblioteca da Sociedade Polônia, sem a qual ela, seguramente, esta não existiria tal como se apresenta hoje: Pani Janina Figurski. Continuou sua explanação dizendo: “Embora esquecidas, quase invisibilizadas ou apagadas da história, muitas bibliotecas em todo mundo existem por força e engajamento de mulheres. Como bibliotecárias, silenciosas e perseverantes, ou como proprietárias de acervos bibliográficos doados à constituição de bibliotecas, há um universo intelectual das mulheres, autoras, leitoras, organizadoras, guardiãs de acervos em bibliotecas. Recuperar, institucionalmente, a relação afetiva e profissional, reconhecer o protagonismo feminino na preservação e difusão da cultura escrita é tarefa que se impõe.”

Acrescentou, ainda, o registro público em agradecimento à Presidência e à biblioteca da Sociedade, pela coragem, ousadia e determinação em propor A biblioteca ao entardecer e um reconhecimento às mulheres.

“Neste reino da biblioteca, continuou a Profa. Maria, imperaram as mulheres, em diferentes tempos. Gratidão Pani Janina Figurski, Leda Maria Cielusinski, Zenobia Gardolinski, Aidê Capello Dill, Irene Haber Zembrzuski, Marie Skłodowska-Curie, Maria Konopnicka, Wisława Szymborska, apenas para citar algumas em homenagem às muitas outras que figuram no acervo da Biblioteca”.

Assim, em 17 de março de 2025, foi realizado o encontro inaugural, sendo um momento de grande significado, mantendo viva a memória de Pani Figurska.

O Presidente da Sociedade Polônia, senhor Ignacio José Kornowski, saudou a todos, dando boas-vindas aos presentes, dizendo que a Sociedade encontrava-se muito feliz com esta iniciativa das professoras, que abriram um novo espaço de discussão sobre a cultura polonesa.

Durante a roda de conversa, os presentes compartilharam relatos, sua convivência e memórias afetivas, trazendo à tona as lembranças da trajetória e do legado deixado por Pani Figurska na comunidade polonesa. A iniciativa visou resgatar não apenas a história da biblioteca, mas o papel fundamental da Pani Figurska na preservação da cultura polonesa e na promoção do conhecimento e da educação para as gerações futuras, pois foi professora de dança folclórica (fundadora do Grupo Folclórico Polônia, em 1954), professora do curso de idioma polonês, de canto, música e teatro na Sociedade.

Relembrou o Vice-Presidente da Sociedade Polônia, Sr. Mariano Hossa: “...quando vim do interior, em 1952, encontrei na Sociedade Polônia minha segunda casa, conheci a Pani Figurska e com ela aprendi e aprimorei minha fala em polonês, como também, ao seu comando, participei do grupo de danças folclóricas, do teatro e do canto... Pani Figurska, desde então, estava sempre presente em todas as atividades culturais mantendo em nós o sentimento de pertencimento e valorização da nossa descendência polonesa. Então, só posso dizer que ela tem um valor inestimável e imensurável para mim e para esta Sociedade Polônia.”

A senhora Alice Kuzniar, atual Diretora Cultural, iniciou seu pronunciamento mostrando

a todos que veio trajada com a camiseta do grupo folclórico, em homenagem à Pani Figurska, pois considera que ela foi a fundadora do grupo. Assegurou: “Meu pai teve abrigo aqui na Sociedade no pós-guerra, minha madrinha morava aqui perto, então frequentei desde muito nova de forma esporádica, mas de forma mais efetiva entrei na Sociedade através do grupo, convidada pela Pani, isto foi em 1978, assim eu já tenho uns quilômetros por aqui... A Pani ensinava dança, canto, instrumentos para quem quisesse ou soubesse tocar. Eu entrei para tocar, mas eu queria dançar... Pani Figurska era secretária, bibliotecária, costureira dos trajes e também pesquisava nos livros, era uma pessoa muito calma e muito inteligente. Muitas vezes, eu ligava para a Sociedade e ela atendia: “Alou?”, muito calma e nós sabíamos que era ela. Ela nos deixou um legado muito grande, e que bom que estamos perpetuando este nome na biblioteca”.

A associada Genoveva Zysko Adamiak, juntamente com as fotos dela pequena no grupo folclórico, contou que o pai ajudou a construir os prédios da Sociedade e que fazem 80 anos que dançou no grupo com a Pani Figurska. A professora Maria Stephanou lembrou que a pani Genia foi a primeira rainha da Sociedade Polônia.

O Conselheiro Zygmundo Roberto Czykiel, assim relatou: “Convivi muito com a Pani Figurska aqui na Sociedade e na Igreja Polonesa também. Quando criança, a Pani Figurska nos ensinou

a ler e a escrever em polonês, aos sábados havia um grupo que ela reunia na Igreja. Ela era muito atuante, tocava o órgão em todas as missas, inclusive no nosso casamento também tocou...” (A professora Irene acrescentou que no seu casamento a Pani também tocou.) O conselheiro ainda complementou dizendo que o trabalho da Pani Figurska foi fantástico, tanto na Sociedade quanto na Igreja e que “é impressionante a contribuição que esta mulher fez para a comunidade polonesa, e isto é emocionante...”

A senhora Ilda Czykiel, esposa do conselheiro Antônio Czykiel, em sua manifestação definiu a Pani Figurska como “uma das pessoas que deveria ir para o livro de mulheres imortais e aqui está esta homenagem para ela a tornando imortal... Ela foi pra mim uma segunda mãe, tivemos muito contato pessoalmente, minha melhor amiga, era uma pessoa encantadora e trouxe a cultura polonesa. Me sinto até emocionada em falar dela, também tive muito contato com suas filhas Lenita e Danuta.”

O encontro serviu como um espaço de valorização da memória coletiva, destacando a importância da Pani Janina na preservação do patrimônio cultural da Sociedade Polônia e da comunidade polonesa, pois ela não se fazia presente apenas em nossa agremiação, foi regente do coral da Igreja Polonesa Nossa Senhora de Monte Claro, bem como ensinou danças folclóricas e canto em diversas comunidades polonesas no estado do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

A Professora Irene Zembrzuski relatou que cresceu na Sociedade Polônia, participando dos teatros dirigidos pela Pani Figurska,

e que também atuou em uma peça quando já estava noiva de seu marido, Sr.Tadeu Zembrzuski, peça na qual também atuou seu avô Czeław Tomaszeski.” Com isso, quis demonstrar que a Pani Figurska buscava manter ativa a cultura polonesa reunindo diversas gerações em um mesmo evento.

Biblioteca ao Entardecer segue com a proposta de realizar novos encontros que evoquem não apenas o passado, mas também o presente e futuro da biblioteca e de sua comunidade, mantendo viva a memória e o espírito de Pani Figurska.

O Presidente da Sociedade Polônia, Sr. Ignacio Kornowski, agradeceu a presença de todos convidando para o próximo encontro, a realizar-se em 31 de março próximo.